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Poesias-->POL SOCIAL 711 -- 18/12/2011 - 21:00 (maria da graça ferraz) |
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Esquerdista? Ele?
Petista?
Ora, ele era sobretudo
um convertido
desde que mandaram
DEUS para o exílio
e o povo tomou seu lugar
Sim, ele fora imbuído
pelo poder do E.Santo caboclo,
pomba roxa, grande, gorda,
quase uma galinha preta,
com ovo preso, coisa que não voa
Saibam, todos os trouxas!
Ele era um prometido
Santo! Santíssimo!
O pastor da nova era
eco-tribalista
Sim!
Ele havia atingido o Reino dos céus
através do paraíso socialista
Multiplicaria agora pães, peixes, linguiças,
pó de faca, pó de arroz,
pó de defunto, pó de vidro, pó de ouriço,
sentenças de justiça,
e principalmente sua fortuna
Faria eleitor morto
levantar-se do túmulo e paralítico andar
Conduziria ambos até as ... urnas
E faria tudo isto com sua lira
ensandecida dedilhada nas ruas
Seus sermões da infamia
seriam ouvidos em todas as estâncias
deste reino da loucura
Sim, ele era um religioso
O florão da glória
de um futuro dadivoso
Seu nome?
Brancaleone!
Neste dia, ela estava em seu claustro-
recinto meditativo, orando pelos pecadores,
como uma vestal da pureza e da esperança, o arauto
quando observou através da janela,
seus dois vigários,
com face de prazer sádico,
transporem a portela,
trazendo um homem algemado,
cujo corpo era arrastado pelo pátio
Quando viram-no,
os dois vigários
disseram em uníssono:
- Força e Lei
-Força e Lei, meus irmãos-
Brancaleone respondeu à saudação-
Mas quem é este homem
que me trazem?
-Um homem que não sabe
fazer as pazes, meu Senhor
É um herege, um tipo de bruxo!
Encontramo-no a proferir
como um ensandecido profeta
a palavra proibida e a palavra abjeta
numa praça pública
-A palavra proibida?
A palavra abjeta?
Mas este homem , então, é um perigo!
-Sim, muita ousadia
E aos poucos,
em torno dele,
pessoas reuníam-se!
Assim, trouxemo-no
até o PARTIDO,
para que seja convertido!
-Levem-no até o altar
científico para o exorcismo-
ordenou Brancaleone,
esfregando suas mãos
para o veredicto
E o pobre homem ferido,
em total desventura
fora arrastado até uma sala
úmida e escura
- Há uma denúncia
de que o senhor falava
a palavra abjeta e a proibida
na praça pública
-Palavra proibida?
Palavra abjeta?
Eu sou apenas
um pobre poeta
-Já vi que não leste
nenhuma linha da cartilha
apregoada pelo Partido-
Brancaleone, olhar de vidro,
coçava a barbicha
- Senhor, ele está possuído
pelos demônios do passado
Aquele `Capitalista"-
disse o vigário mais baixo,
quase em chilique,
fazendo com as mãos
o sinal dos chifres
-Sim, ele possui coração que maquina
planos perversos-
completou o outro vigário
cuja rubra batina
brilhava como uma luminária
-E seus pés correm para a maldade
Possui língua mentirosa
Olhos altos católicos
É uma falsa testemunha
que só promove discórdias-
finalizou o vigário baixinho,
ao terminar o palavrório
-O que tu fazes
além desta vadiagem?-
perguntou Brancaleone, o inquisitor
-Sou professor
- Ora , mas ages
como um insano,
a soltar pelas ruas
palavras insanas
O pastor tomou um livro
em suas mãos
-Sabe o que é isto?
- " O Capital" - respondeu
o homem
- Não! É a Bíblia!
Não a reconheces mais?
Nem disto és capaz?
Foi escrita por nosso Papa Max
Beija-a!
O homem recusou
Brancaleone não insistiu,
ironicamente, sorriu
-Leia esta oração!
O homem incréu
tomou o pequeno
pedaço de papel
-Repita agora cada linha
Ou lhe acusarei de ímpio
REPITA:
Odiarei aos EUA e ISRAEL
Odiarei todos os ricos
exceto os do meu Partido
Odiarei os talentosos
e os bem sucedidos
Odiarei aos meus semelhantes
e aos meus desiguais
como odeio a mim mesmo,
a minha família e os meus pais
O homem recusou
Brancaleone, em desespero,
tomou uma tela
onde havia o desenho
de um símbolo
-E isto? O que é isto?
-É uma foice e um martelo
-Não! Dou-te nova chance
Tua memória pode estar
comprometida
És um homem velho
O que é isto?
-É o comunismo!
-Não! Isto é uma cruz
onde os operários
foram sacrificados
antes de MAX libertá-los!
Neste instante, Brancaleone
levantou-se do trono de ouropel
onde estivera sentado
e ordenou, com rosto cruel :
-Levem-no para as masmorras
Ficará a pão e água
até que nos peça socorro
-Preso? Eu?
Qual a acusação?
-És um fariseu
Filho da grande prostituta
Ficarás lá
até assumires tua culpa
-Mas o que eu fiz?
-Ainda não sabes, infeliz
-Não, eu não sei
- Desobedeceste nossa LEI
Comporta-te como
um falso profeta
a instigar o povo
com tuas mentiras belas
- Mas só porque falei
em....
- Não diga mais nada,
criatura pervertida
Como te atreves
a dizer neste recinto
palavras proibidas?
Ficarás lá
até que te regeneres
-Mas eu só falei em...
-Cala-te!
Porcausa destas palavras tolas,
que nada significam,
homens perdem-se,
enlouquecem,danam-se,
tornam-se simples vermes
Levem-no!
E no catre escuro, frio,
o homem pensava
Ó Senhor, por que tanta fealdade
e tanto rancor, quando eu...
eu...
eu...
...
Eu só falei em Liberdade
Eu só falei em ... Amor
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