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Poesias-->MEDICO 160 -- 18/12/2011 - 21:19 (maria da graça ferraz) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Na procissão dos dias,

eles vinham

na longa fila,

que ninguem sabe

onde começou

ou quando termina,

adultos à frente,

crianças no meio,

velhos atrás,

os cães na rabeira,

e sobre eles,

os mosquitos das febres,

tão transparentes

quanto lágrimas alegres

ou meninos que espiam

o que não devem



E eles vinham,

no passo triste,

acabrunhado, contado,

cai não cai,

balançando,

amassados,

filho-mãe-pai,

pai-mãe-filho,

sacudindo, tremendo,

milho de pipoca,

pata de grilo,

papo de sapo,

batendo chinelos

como quem bate martelos,

guarda-sóis coloridos,

verde-amarelos,

abertos, impedindo

incêndio nas faces

pálidas das moçoilas

envergonhadas,

cabelo de maçaroca,

olhar de soslaio,

regra atrasada,

quem sabe uma cria

enterrada como mandioca,

saias rodadas,

presas às ancas,

estampa larga,

fora de moda,

exceto pela coxa

roliça à mostra



Eles vinham

com cheiro de terra

cantarolando uma toada

tão estranha

que não tinha mais tamanho

E entre eles

vinha o crucificado

na medalha de prata

entre os seios

e em cada chaga

das mãos, dos olhos,

do peito

Eles vinham

em arrastão,

na dor incomensurável

dividida em números

fracionados,

que sempre deixava

restos

para a próxima geração



Eles vinham

do não sei onde

de lá de longe

para exames

para consultas

para vacinas

para curativos



E quem era o louco

que desejava

transformá-los?

Trocar a dor inocente

por outra mais pungente?

Torná-los mais sapientes

mas também mais solitários?

Fazê-los malvados,perversos,

mais doentes do que eram,

como toda gente

da cidade grande?

Quem?

Esta era a natureza deste povo

Sua força

Sua grandeza

Uma floresta virgem

intocada selvagem

cheia de sombras frescas,

de demonios

adormecidos,

de rios que cantam,

de pureza,

de esconderijos,

de pássaros,

das lembranças

que nos atormentam

o espírito,

de coisas perdidas

na infância



Não os toque!!!

Coisas de Deus

não se deve tirá-las do lugar!

Deixe-os ... passar!

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