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Poesias-->POL SOCIAL 945 -- 18/12/2011 - 21:21 (maria da graça ferraz) |
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Senhoras e senhores,
o grande espetáculo humanista
vai começar :
Porque a pobreza, hoje,
virou atração turística ,
um novo circo de horrores
ao vivo e à cores
E todos os dias,
no período vespertino,
vinham o guia
e o bando de peregrinos
para bater fotografias
como quem dispara uma carabina
" Aqui está a favela!
Ali é um filhote
magricelo, faminto,
cheio de dor ,rosto triste,
pele amarela
Eis a absoluta miséria
dos que sobrevivem
como qualquer bicho,
disputando com urubus e porcos
a primazia do lixo
Observem aquele macho,
que sobe a pinguela
com um cão debaixo do braço
É cego de um olho.
Coxo. Pode ser perigoso"
Do outro lado,
o homem , tal macho, via-os
Afinal, o que esta gente queria?
Que ele rosnasse como um felino?
Que fizesse graça, por puro instinto,
como um macaco,
sobre o teto de zinco
de seu pequeno barraco?
Será que se agisse assim,
jogariam para ele
biscoitos e amendoim?
Deveria atacá-los?
Mostrar os dentes, o punho,
o próprio falo?
Gritar que era miserável,
pequeno, frágil mas honrado
O que esta gente queria?
Drama? EXCITAÇÃO?
Um remédio para o tédio?
Dar um sentido
à própria vida fútil e vazia?
Pois ele tinha a feridinha
do peito, escondida, suja,
mas .... fotogênica
Bastaria Levantar a camisa
e expor o que
nunca cicatriza,
não tem jeito
e nem cura
E fim do terceiro ato,
exausto,
agradeceria os aplausos,
e iria dormir,
deixando a bela fotografia
como souvenir |
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