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Poesias-->medico 87 -- 19/12/2011 - 10:26 (maria da graça ferraz) |
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Naquele dia,
todo paciente que atendia,
presa à sua mão, ele trazia
um pequeno trapo de pano
E a mão o segurava
de forma urgente e desesperada
como se segurasse uma corda
lançada de algum lugar acima
E a mão o agarrava
como se agarrasse outra mão amorosa,
e esta outra, numa grande roda
Um trapo de pano!
Que podia ter sido
uma toalha de lavabo,
um lenço,
um pano de prato,
ou um trapo mesmo
Geralmente de cor branca,
ou outra cor suave,
ou cor das aves em vôo
Pequeno, simples, dobrável,
forma perfeita
para o recheio de matéria abstrata
como a esperança
que cresce desde os Tempos
em que as flores falavam
Tu disto ainda te lembras?
E o trapo de pano
tinha mais força que o ferro
mais peso que o ouro
mais poder que o dinheiro
Agarrados ao trapo-
este sopro, pedaço de nada-
abraçavam o mundo inteiro
Trapo de pano-
um dos vestidinhos
que Deus usa
para passear clandestino
nos hospitais da rede pública
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