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Poesias-->Resposta a Vinicius - O não haver... -- 29/02/2012 - 22:44 (Alexandre José de Barros Leal Saraiva) |
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Resposta a Vinicius – O Não Haver
Sobra-me, sobre tudo que há,
o vazio criado por minha própria
imobilidade. Econômico: Eu sou,
diante de mim e de meus tantos infinitos.
Sobra-me o desnecessário tempo
sem poesias, sem catedrais, sem alegrias súbitas,
malgrado diante da beleza mal entendida,
que torna toda poesia inútil infantilidade.
Sobra-me a distração do nada,
a vagueza do contemporâneo inerte,
enquanto outros caminham e sorriem,
precientes e pacientes dessa indecifrável navalha!
Sobra-me o escuro dos lugares
e o pobre orgulho:
tesoureiro do estático reino, à beira que está
do fim colérico por ter grandes covardias.
Sobra-me a dificuldade contemporânea de sonhar
com a ternura perfeita de pequenos amores,
pois, em lágrimas silenciosas,
revelou-se a mim, terrível e irredutível desistência da vida.
Sobra-me a culpa apressada e confessa por ter nascido
com mãos desejosas do toque,
embora o medo de ferir-te assim,
retribuir-me com irredutível troco.
Sobra-me lembrança de infância.
E o desejo ridículo da coragem – ou heroísmo desnecessário?!
Distrações vagas de quem nada sabe
e amanhã, ou hoje ainda, resta-me pedir perdão por tudo.
Sobram-me esquinas indecifráveis do labirinto,
Cicatrizes medrosas das várias quedas.
Mas ainda espero a luz indecifrável
A que os poetas chamam de esperança....
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