SOLIDÃO
Daqui de onde estou, quase tudo que vejo
Sob a imensidão pálida do firmamento
É um modo de vida que já não mais almejo
E não há nada que possa servir-me de alento.
É um fim de tarde cinza, sombrio, de pouco vento,
Próprio de um dia quase que frio, ermo e sem desejo.
Não há no ar uma nova alegria, nem um novo ensejo,
Nem um colorido sonho renascido do esquecimento.
No fundo da minha alma, há algo firme, estático,
Intrigante e à espera de um crepúsculo iminente,
De um desfecho final alegórico, quase que fantástico.
Indefinido, irresoluto, indecifrável e intermitente
O vazio de uma solidão angustiante, cujo ensaio prático,
Nos palcos da minha vida, se faz sempre presente.
João Brito
SP03/11/98
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