Quando havia aberto uma pequena parte do embrulho, ele levantou e a puxou para dançar... Era uma música suave, aconchegante, sensual... Corpos colados, não sabia qual respiração era a mais confusa... As mãos dele passeavam peloseu corpo. Nenhuma palavra... Só calor!!! Escondia o rosto em seu ombro... Tinha medo de que seus olhos se tocassem... Tentava decifrar o seu cheiro ... Tudo transpirava discretamente... As mãos...A pele... A vida... As pernas, trêmulas, sustentavam o corpo cada vez mais leve... Um troço quente corria doido nas veias... Desejo, mas não confessava nem para si mesma... Não podia trair convicções que a acompanhavam há tantos anos... Afastou-se dele, alegando cansaço, os olhos em chamas... Ele sorriu e sentou novamente ao seu lado... Não disseram nada...
Ela pegou o embrulho outra vez...
Estava ainda mais desconcertada para abrir o presente.. Não queria rasgar o papel, sabe-se lá qual o motivo...Sentia as pernas dele roçarem nas suas. Ela sequer olhava para o lado. As mãos tremiam, o corpo inteiro, um estranho tremor de vida... De repente, ele tirou o presente de suas mãos e o colocou sobre a mesinha... Paralisada, não conseguiu dizer mais nada... Ele virou o seu rosto e a beijou lentamente, tocando cada pedaço de sua boca...
Ela tentou se afastar e lutar contra aquele mar que a invadia com suas ondas de fogo e delícia... Não resistiu... Largou as armas cansadas e mergulhou, vencida, naquele momento... O corpo cantava a alegria de sentir, depois de milênios, o calor de um outro corpo... Amaram-se a noite toda, até dormirem, corpos exaustos... abraçados no chão...
Recostou-se no sofá e ficou olhando para ele, que ainda dormia ... fascinada... risonha... como criança quando abre os olhos na manhã de Natal e dá de cara com o presente que pediu... Não sabia o que fazer com aquilo que sentia... O que pensar... O que dizer para si mesma...
De repente, lembrou do embrulho quase aberto que a aguardava sobre a mesinha... Rasgou o papel e encontrou uma caixinha... linda ... delicada ...De dentro dela, retirou com cuidado um cartão com a mensagem que ele escreveu:
Fiz questão de comentar o texto, depois de sua leitura, pra que tenham tempo de analisar com seus sentimentos.
Na minha opinião o fato da mulher sempre se deter em abrir a caixinha,
mora na certeza de que tudo que vive naquele momento, não passa de um sonho. Então, faz questão de viver até o final, de sentir até o final, de desejar e ser desejada até o final, e então saciada, e alimentada pelo amor, toma coragem, e vê que tudo não passa de utopia.
Essa foi minha leitura. Caso queira, compatilhe sua opinião.