PALAVRAS FANTASMA
Susan Musgrave
Deveria ser enterrada
como uma semente
embebida em
sonho,
entre sentimentos
como um sono frio chegando
para afogar o
sonhador
Minha mortalha deveria ser
simples
como pássaros sobre um
lago plano,
como árvores no inverno.
Minha tumba deveria ser
rasa –
a cada hora eu ficarei
com mais ar.
sangue será
treva e
treva é uma pedra
sem centro.
Meu rosto será
bonito –
espantado para voar
como apavorado
animal,
sem nome e
partido
sem uma sombra
Diz que conheces
meu rosto,
forma sem
centro ou
sombra.
Morte não é
silêncio
mas o eco de
todos os sons.
Meu corpo cheira
disto, de morte e
de animal morrendo.
Só acreditarei no silêncio
quando
me escutastes.
O original em inglês consta da coletânea The Impstone (1978), editada pela McClelland and Stewart Limited, de Toronto, Canadá. Traduzido por L. C. Vinholes em 1978.
|