Gostaria de ter me parido, Poupar a minha Santa dos sofrimentos que lhe causei. Sentir a dor do meu parto, Trocar minhas fraldas, Virar noites ouvindo meu choro, Dar-me as palmadas que merecia e não levei. Fazer-me estudar em manhãs frias. Ficar aguando os presentes que não vinham. Acordado noites com as incertezas do futuro. Deixar de colocar na minha boca o pão que era pouco. Escabelar-me quase louco por tentar fazer-me entender Que o futuro é hoje. Arrepender-me, às vezes, por não ter me retido na barriga. Ah vida! Porque não pode ser dividida Para que poupar aquela Santa De ter me gerado insensível, frio, e desalmado? Que nosso Deus que criou tantas mães Santas Dê a chance de outras tantas Tornar-se mãe, se possível, De filhos melhores que eu. Não crie nenhum desventurado, E, dê a vocês, mães Todo amor por muitos negado.
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