CUERPO
Há anos me é emprestado
formado por ar e barro
ou sabe-se lá do que
um pouco desajeitado
A dança é seu deleite
e meu
que sou sua e moro
inquieta entre suas paredes
de pele
olhos
e redes
É caixa da qual não saio
embora sonhe e planeje
a ele cabe o direito
de sono, dores, prazeres.
Então me leva e sacode
atua
gosto de rua
e sabe que dentro dele
estou
tenho muita sede.
Não sei quantos anos pode
se aguenta o mundo e o vence
Queria rodas, asas... e só
cavalgar estepes
areias quentes sem medo
desertos
mares
alhures
E teve isso
e já não cede.
Me faz lembrar desta sede
às noites, dias, entraves
e não desiste de claves
de sóis
de luas
paredes.
Contornos cheios de noites
os sóis no peito de amores
paredes para tombá-las
e luas, que em mim
são tuas
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