A noite fez-se dia, e a ponte acabou-se entre nós.
E por dentro tudo cinza fez-se sol...
A noite já não é mais noite, e a sombra que nos acompanhava já não nos acompanha mais...
Não tenho mais segredos...
As mãos juntaram-se nos caminhos, e escrevemos estrelas no céu, e no mar colocamos peixinhos para nadar, e desenhamos crianças para sorrir num espaço de ventos sem intervalos.
Não tenho mais segredos.
Eu estou aqui...
E as cidades, estivemos tão pertos de estar longe,
O tempo em nossas mãos, brincávamos e sorríamos como se tudo fosse um céu de azul anil e de nuvens brancas ao redor.
Não tenho mais segredos...
E agora morto por fora, e ainda vivo por dentro,
O mundo inteiro lá fora grita para saber
Quem sou eu.
Grito para o mundo ouvir: o mundo sou eu...
Não tenho mais segredos, deixei de ser a aparência, a pedra perdida, e a partida impedida.
O mundo inteiro a fugir, mas não fujo de mim, de você, não fujo de nós; eu não tenho mais segredos, e abre-se um lugar no céu, desse céu que hora é inverno outra hora é verão; ninguém sai do seu esconderijo, o sol brilha e não tenho mais segredos.
