A Casa que me Deram
Os deuses acharam que eu merecia.
Deram-me a casa que sonhei um dia.
A Sonhar a via.
Havia varandas que davam para o mar,
E outras mostravam-me a face da Terra.
O verde das matas.
O arco-íris a se formar em torno das cascatas.
Altas serras, barreira natural que o mar não invadia
Porque sabia que dali não passaria.
Deu de recuar.
Cedeu lugar para o mato crescer.
Vieram as palmeiras, as bananeiras, flores de todas as cores.
Chegaram as borboletas, flores a voar.
Chamaram os pássaros.
Adoraram o lugar.
Passarinhos lindos, penas coloridas, agitam as asas,
Em revoada parecem dizer: terra adorada.
É lindo de se ver.
Ao amanhecer deixam os ninhos voam sobre a terra e
Sobre o mar, brincam de louvar.
Agradecem ao sol que os deixa a brilhar.
Ao anoitecer voltam a se juntar.
Ensaiam voos que mais parecem um ritual.
Ando a aprender com eles a rezar.
Chegaram depois almas cansadas de trabalhar.
Olharam a praia, o céu, a Terra e o mar.
Fecharam os olhos.
Deixaram-se atravessar pela boa energia, que paira no ar.
Decretaram ali: daqui não saio, daqui ninguém me tira.
Como os passarinhos foram chegando, construíram seus ninhos.
Lita Moniz
|