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Poesias-->A Flor e as Estrelas -- 13/09/2012 - 23:40 (flavio gimenez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A Flor e as Estrelas



I

Nas águas em remanso

pousa a flor, nos

espelhos reflexos;

Balbucia a si a imagem:

"Quem sou, senão o sonho

de uma eterna primavera?"

Ó cálida fonte, responde

De onde vem tanta

Ilusão?"



II

Turva-se o espelho ao seu toque

Foge a imagem de si

a si mesmo;

Sente a dor e o desespero

ao sumiço do amor

que responde enfim ao seu apelo:



III

"Belo és tu, como as águas

que em anelos escorre pela tua fronte

De teu lindo rosto

e se assim o digo, é porque

Antes de ver-te

deixei de ver a mim mesma"



IV

Confuso, eleva os olhos à luz

Em torno só tristes pássaros

Ramagem de árvores e solidão...

De onde tal voz? De onde?

Volta os olhos ao líquido espelho

Que lhe retrata algoz



V

"Voltaste! porquê me abandonas?

Acaso finges que não vês?

Agrado-te ou te enojo, criatura

que traz a dor ao meu mais puro

coração?"



VI

Do cavo cristal rebrilha

enternece-o de novo

a palavra doce que flutua

e se retrata em quadro e luz

A mais bela ninfa

que já não responde por si

VII



"Antes de ver-te assim, debruçado

Sobre tua própria reflexão

Fui pura e doce, matou-me a solidão

sem ter-te para mim.

Agora, milênios seguiram

Nosso tempo desceu à Terra"



VIII

"Curvemo-nos ao Rio, doce franja

que nos habitou por eras!

Sigamos o fio de nossa paixão

Que nos eterniza nos campos!

Deveras, sou tua!"



IX

Uma vez mais

Notou ele no brilho fugaz

Seus lindos cabelos revoltos

A fronte orgulhosa, o nariz de Apolo;

Estendeu frágeis dedos

E tocou a quimera



X

Partiram os dois

No vapor das esferas

Com o perdão de ninfas e fontes

na suave luz da manhã satisfeita.

No violeta da flor que sobrara

As pétalas choraram duas estrelas.
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