Através do Nevoeiro
Era ermo, era um mundo enfermo.
O nevoeiro esfumaçava serras e serrados.
Da aldeia mal se avistavam os telhados.
Vultos sombrios nas sombras se escondiam.
Cortavam o ar, passeavam pela aldeia.
Não era feitiço, era mais que isso.
Não adiantava trancar portas e janelas
Nem as paredes de pedras antigas seguravam
As suas investidas.
Nos tetos, estranhos ritos acompanhados de gritos.
Almas aflitas tampavam olhos e ouvidos com
medo dos estalidos.
Quem os mandou para lá, não se chamava Alá.
Era outra versão sem amor, sem caridade, sem
compaixão, piedade ou perdão.
Lita Moniz
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