Muitas vezes penso em não escrever, penso em não mais procurar rimas, penso em não expor a alma que não cabe no corpo, penso em aniquilar de vez o sentimento e viver no foco da razão, e logo imagino, sem emoção o que seria do conjunto, do todo que me completa? Se não amo, também não possuo o sentimento da piedade, ternura, encantamento. Ninguém é só razão, ninguém é só emoção.
Quando fico triste, e também escrevo minha tristeza, minha mágoa, minha interminável espera, me abro para o mundo, ou pelo menos pra quem lê o que escrevo, e não há nada melhor do quê um leitor, perceber em outro autor, a minha alma, definir-me em um poema feito por outra pena.
É comovente. É saber que realmente o que escrevo, deixa claro o que sou ou pelo menos o que penso, e sinto.
Obrigada Touché, mais uma vez por seu carinho, por sua delicadeza.
Em azuis esperas
odete ronchi baltazar
Todos os dias são azuis
quando espero por ti
e, embora esse sol em amarelos me dispa,
contorno as sombras
e me disfarço em fitá-los
porque azuis são meus dias
na espera por ti.
Enquanto os verdes me chegam
em sustos de esmeraldas
e os vermelhos em risos explodem
os azuis me calam
enquanto espero por ti.
E eu sou toda marinha ou celeste,
cor da minha paz
ou paixão,
enquanto espero por ti...
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