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Poesias-->flutua -- 26/12/2013 - 22:43 (maria da graça ferraz) |
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Aquelas meninas que atendia
dia-dia
no hospital
Botas cano alto pretas
Saias brilhantes justas
São como pedaços de noite e estrelas
que o amanhecer recusam
Aquelas meninas! Tão miúdas
e amargas e adultas!
Cujos Peitos inchados de leite
umedeciam a blusa
com duas manchas opalinas-
tipo de enfeite cor de lua
Aquelas meninas!
De ventres flácidos
Olhar baixo
Pele pálida
Olhar desidratado
Aquelas meninas
pareciam tão tão reais!
Nos seus braços, bonecas
choravam, gemiam,
mexiam as mãos,
carinhas enjoadas,
cheias de personalidade.
Eram tão perfeitas, as bonecas,
que pareciam também de verdade!
Ah, madonas
da miséria
Tristes
Famélicas
Sozinhas
Mantidas
com cocaína, tabaco
e caipirinha
Não!
Nada daquilo existia!
Eu precisava e ainda preciso crer
em mentiras
porque a vida,
malvada vida,
pobres meninas,
cruza a rua
dobra a esquina
e continua
....
atrás daquele morro
onde o sol
não sobe nem cai
flutua
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