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Poesias-->tomás -- 26/12/2013 - 22:56 (maria da graça ferraz) |
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Todos os dias,
á mesma hora,
naquela ilha,
Tomás abre as janelas,
pôe a cabeça para fora
e olha
E o que Tomás
tanto procura?
A terra é suja
e o céu é feito
de estrelas mortas
A cidade escura
está cheia de sílabas,
pedregulhos,
paralelepípedos,
arames farpados
Tomás, cuidado!
Todos os dias,
à mesma hora,
naquela ilha,
faça sol ou chuva,
Tomás abre a janela,
pôe a cabeça para fora,
e olha
E o que Tomás
tanto aguarda?
Há aqui tanta mentira
Tanta miséria, ainda
Crianças magras e sujas
correm,ensaiando a fuga,
com suas pernas finas
E todos as cabeças
estão voltadas ao mar
onde a grande balsa
se desenha à cada onda
branca, trêmula
de jazz e de salsa
Todos os dias,
à mesma hora,
naquela ilha,
faça sol ou chuva,
Tomás retira a Cuba
debaixo da cama,
abre a janela,
põe a cabeça para fora,
e olha
E os olhos de Tomás
são maiores que a janela,
que sua pobre casa,
que o oceano,
que os presídios em volta
O amor não está vencido-
é o unânime grito
que todos dividem
a cada passo triste
AMOR- palavra proibida!
Todos os dias,
à mesma hora,
naquela ilha,
faça sol ou chuva,
Tomás retira a Cuba
debaixo da cama,
gargareja, cospe nela,
abre a janela,
põe a cabeça para fora
e olha
O olhar de Tomás
é solitário e baixo,
amedrontado!
E certifica-se
de que tudo está
como ontem
como amanhã
como depois de amanhã
Este olhar enxerga
os silêncios
os vazios
os invisíveis
de cada homem
Este olhar vê
os assassinos por dever,
apóstolos da virtude,
purificadores da raça,
salvadores do planeta
organizadores de massacres
que
gargalham
às escondidas
EM CONSPIRAÇÕES COVARDES
Todos os dias,
à mesma hora,
naquela ilha,
faça sol ou chuva,
Tomás retira a Cuba
debaixo da cama,
gargareja, cospe nela-
uma mistura de saliva
com lama suja,
abre a janela,
pôe a cabeça para fora
e
chora
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