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Poesias-->Você e eu (xis) -- 25/01/2014 - 23:47 (MARIA CRISTINA DOBAL CAMPIGLIA) |
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Você e eu
(xis)
Aqui as pessoas
que não são daqui
não sabem ler nos entrespaços
e só veem fuligem
substâncias decompostas
agarradas às paredes
das artérias nossas
ali onde estás há coisas
que daqui se contam mal
e contam-se coisas.
Os que não são daí
não sabem ler
o teu aí.
E um dia um eu
(daqui?)
e um você
(dali?)
nada resolvem além de se ver
mas ver pode ser o resumo
de dois num nós
e viram de ver e de virar
como olho e reverso
como ser e mirar
onde um tu -diz que quer
porque um eu faminto
parece querer
não há nada de ti
que possa fazer
e tudo faminto de mim
morre de medo no balanço
sentado com pés descalços
porque soube da vida que querer
é pegar entre os dedos um deserto inteiro
que se esvai e se vai e se vai
embora nos pareça que a areia seja tanta
que sempre haverá
II
Permite-me então
o pedaço mais sanguinolento
do teu sentir
aquele que esquece do outro
não pede licença
não quer saber
aquele pedaço que corta
com dentes de desejo
em carne viva
a carne morta.
Permite-me o aí que habitas
e que eu não precise ir
jamais
e então te darei minhas sobras
- éstas inteiras que ninguém quis
por serem estranhas
e com gosto de mim-
temo tua parte poderosa
que não sabe de ti.
Adivinho-a como à lua
mesmo se céu nublado
porque soube da vida que querer
é pegar entre os dedos um deserto inteiro
que se esvai e se vai e se vai
embora nos pareça que a areia seja tanta
que sempre haverá
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