Desconcerto-me no azul da casa,
Herdo a dor das palavras,
Visto-me com ferro gusa
Na tentativa de não poetizar
A folha sem pauta que apenas
Deseja existir em branco.
Mas não há tempo pronto para isso,
Meu compromisso planta dias,
Exige horas abertas para o vício,
Solta ao público o que sinto,
Expulsa de mim os versos vivos.
Nobres ou nocivos, estes sentimentos
Revelam o que fica escondido nos cantos.
Estou nos olhos de quem vê,
Na sede dos famintos,
Nos livros esquecidos no prelo,
No desejo do Poeta que ninguém lê.
Ferro Gusa
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