A Minha Alma se foi
Nem alma mais sinto ter.
A tragédia com que me deito chega a ter pena de mim.
Na tragédia a crueldade!
Não, mil vezes não!
Puritana a se autoflagelar.
Não é assim que me sinto.
Nem consinto que venha a ser
Esta vontade de viver.
Esta força estranha, este espírito a pedir mais.
Cresce, se multiplica.
Quer se juntar aos demais.
Aumentar a resistência.
Vivenciar cada existência.
Espírito aventureiro descansa na ilha dos amores.
Troca as vestes do guerreiro por grinaldas de flores.
O corpo cansou de lutar.
Talvez tenha percebido o lado falso, fingido que todo
o perigo guarda consigo.
A emoção não aceitou, deixou-se levar, a saudade é
a armadilha para em estátua de sal a transformar.
A Razão disse: não vou contigo, mas também não vou
aqui ficar. Vou virar livro, vou-me juntar à ciência e à
sabedoria, vou em busca de outra alegria.
A minha alma adorada aproveitou o retiro e bateu em
retirada.
Lita Moniz
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