Nasci outra vez neste bar.
Lá fora chove um granizo antigo.
Eu não me importo mais.
Quis segurar tuas mãos.
Não preciso mais deste toque, do ósculo
e nem das suas topadas do amor,
pois um clarão me desabotoa agora.
Tudo está plácido
Posso deixar sorrir a criança longínqua.
Posso crescer desde adolescente,
sentir novamente a primeira língua alheia
e dançar.
Entro no bar ao sereno.
Mágoas se tornarão broto,
deixarão de ser goma,
sumirão
e beberei o mesmo daiquiri.
É um drink certeiro e robusto.
Sempre foi certeiro, robusto e cortante.
Do livro:" A criança, substantivo sobrecomum"
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