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Poesias-->Dá um Tempo! -- 28/03/2015 - 08:26 (MARIA CRISTINA DOBAL CAMPIGLIA) |
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DÁ UM TEMPO!
É bom respirar a liberdade
escondida entre os eclipses.
Passo entre as algemas da rotina
embarcada em correrias inexplicáveis:
abro fendas na sanidade.
Deixamos marquinhas na areia
feito criança que se perde no mato
e vamos plantando e arrancando
como famintos.
Cruzeiros de horror e desespero
em sangue de gente inconformada
em vidas de nós mesmos , inacabadas:
o mundo é o cenário da falta
onde a opulência da estupidez é humana.
Todos os jardins são bem-vindos.
A Terra também é minha esfera;
tua casa, a senzala. O topo do que temos
e o início do nosso nada. A idéia da vida
com seus picos e montanhas incendiadas
de desejo de existência e esperança remendada;
mesmo em meio à sua miséria o homem... fala?
Quando à noite o céu escuro me confronta
ao chegar a este cenário- eu digo "casa"
há um teto que arvora-se a jogada
outra gente
outro nada
e caminho pela beira como inseto
a tentar achar a gema e minha alma
uma alma que nem sei
ou está algemada?
Em talvez uma janela meio errada
entro inteira
busco alguém
respiro fundo:
o que chamo de rotina me conforma
o que exijo para amar
me desafina.
Menos mal que já aprendi onde me escondo.
Mas então as borboletas não aclamam:
é verdade ou invenção
que elas são fadas?
São casulos empurrados para o voo
e o insensato caça e guarda
como um bolo.
É por isso que ser livre custa muito.
Custa a fuga
custa a lama, o galho certo e a jogada.
Liberdade é a utopia de umas caras
que descobrem serem máscaras
sem cara...
É aí que ando correndo ou quase alada
para metas tão estranhas
que me acabam.
Ainda assim respiro a essência de algo estranho
que se esvai entre as correntes da jornada.
é bom desenhar a liberdade
como deusa que cutuca mente e sonhos
e quem sabe é de verdade
talvez fogo
ou ventania
ou às vezes bata à porta
sem aviso
II
Gritar:
entropia que desvenda
geada
cálida
curta e fina
trilha do ser que escapa.
Pela boca ou na cabeça
como lágrima precisa
cheia do que sente-se
nu
arquitetado por aquilo que lá reside:
no lado de dentro e respira
verdadeiro e oculto
no silencio.
Grito quando paro e sem medo algum
pergunto ao mundo que fizemos:
e agora... nada?
Então sim : não tenho nada
nada quero a não ser ar
e respirada
Nesse instante abraço livre meus limites
como barcos são meu nome e minha cara.
Nesse arame de equilíbrio ainda acho
que te encontro como pássaro
que aguarda
e talvez a madrugada me retome
como alguma criatura que desaba
da caótica cultura
mãe
e amarra...
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