O Estado ditatorial
Osmar José de Barros Ribeiro
Nos dias que correm, o Brasil vive um momento talvez decisivo na sua História. É chegada a hora de uma faxina geral nos usos e costumes da sociedade, desde sempre permeada pelo patriarcalismo das classes dirigentes, no mais das vezes cevadas pelos favores do Estado. Foi assim desde os tempos de Colônia, passando pelo Império e chegando à República. Desta ou daquela forma, habituamo-nos a considerar a ação do Estado como solução para todo e qualquer problema.
Hoje, atingimos um ponto a partir do qual as decisões serão tomadas com a certeza de que não desejamos regressar a um passado problemático e doloroso quando, sendo governo um partido de orientação esquerdista voltado para a conquista definitiva do Poder, ele nada mais tem a oferecer que problemas em todas, sem exceção, Expressões do Poder Nacional.
Externamente, demos as costas a aliados tradicionais e a valiosos parceiros comerciais. Sem maiores protestos, assistimos os “iluminados” petistas dobrarem-se docemente às exigências de governos bolivarianos, apoiarem ditadores de países da África e, preocupando-se mais com a Argentina do que com o Brasil, quase levarem o Mercosul à total inoperância. Acresce que a obediência aos ditames do Foro de São Paulo decretou toda uma série de fracassos diplomáticos e, à quase paralisia, o outrora orgulhoso e eficiente Ministério das Relações Exteriores.
Internamente, os governos petistas lançaram-se, sem meias medidas, à elevação dos gastos ditos sociais, à concessão de aumentos disparatados para determinadas carreiras do serviço público e a gastos mal feitos nos setores da educação e da saúde. Isso, sem falar na criação, à custa do erário, de “campeões nacionais”. Em resumo, agiram e agem ainda como se os cofres do Tesouro fossem inesgotáveis. O resultado, obviamente, não poderia ser outro: inflação, desemprego, juros na estratosfera e inquietação popular, coisas que independem da “vontade política” ou que outro nome tenha, dos governantes.
Aos desacertos internos e externos veio somar-se o problema da corrupção, permeando a alta administração da Petrobras além de setores do Executivo, do Legislativo e do Judiciário, com reflexos negativos no moral social. Hoje, nesse ambiente de caos, pela primeira vez na nossa História assistimos grandes empresários serem presos em virtude de ligações complicadas com a alta cúpula estatal e líderes políticos temerem por seu futuro em função de contatos pouco republicanos com firmas importantes. Não pairam dúvidas quanto a estarmos convivendo com uma organização criminosa, enquistada no Estado, que foi estruturada e cresceu a partir do primeiro governo petista, sem que isso signifique que até então fossemos dirigidos por castas vestais.
Mantidos na ignorância por longos anos, extratos ponderáveis da sociedade brasileira aceitam e esperam que o Estado os sustente de alguma forma e lhes diga como e o que fazer. Fácil concluir que vivemos num Estado ditatorial que se arroga tal direito e faz taboa rasa do livre arbítrio de cada cidadão para guiar-se na vida e nas atividades do dia a dia. É o inferno do dirigismo estatal, onde a burocracia tudo sabe e tudo pode.
A saída para o problema existe. Há que reduzir ao máximo o apetite pantagruélico do Estado Leviatã, através a eliminação pura e simples de Ministérios, Secretarias e cargos em comissão, de forma a caber ao governo central apenas aquelas atividades ligadas à moeda, às relações exteriores e à defesa do território nacional. Que as demais sejam (e quase sempre o são) entregues à iniciativa de cidadãos empreendedores contando, se e quando possível, com o apoio necessário; que os recursos gerados nos estados e municípios neles permaneçam, em lugar de serem recolhidos pela União. Em resumo, que nos tornemos uma verdadeira Federação.
Osmar José de Barros Ribeiro, em 28 de julho de 2015