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Poesias-->MIRAGEM -- 16/05/2001 - 20:11 (Edenilson Sana Valadão) |
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MIRAGEM
Miro meu semelhante
e me vejo no espelho.
Ele não suporta a pressão
de um prego sobre suas mãos
pois, como as minhas, são de carne e osso.
Ele não suporta muito frio
da mesma forma que se limita
a ficar longe do sol
pois, como o meu corpo
a sua carcaça não admite radicalizações,
sendo forjado para o equilíbrio cósmico.
Ele oscila entre a alegria e a tristeza,
acumula sentimentos de culpa
enquanto eu me penalizo pelos erros cometidos
lamentando a eterna derrota
contra o tempo.
Tocamo-nos reciprocamente
sem entender porque estamos separados
com a natural argüição
se não passamos de miragens
lançadas às diferentes experiências
sociais, econômicas e existenciais,
erigindo culturas diversas
exibidas por idiomas
que apenas insinuam diferenças
mas que são pronunciadas
por iguais
movidos a sangue e esperanças.
Todos marchamos para s morte
e continuamos sem saber
o que procedeu à fusão
do espermatozóide com a óvulo
e o que sucederá a forma carnal
quando formos matérias putrefadas
lançadas no ventre da terra.
Continuamos nossas andanças
pelo planeta Terra
com as faces de ditadores, prostitutas,
corruptos, benfeitores, atletas, desvalidos...
Matamos a nós mesmos,
tombamos a árvore centenária
como se pudéssemos sobreviver
em desarmonia com a natureza.
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