CANÇÃO SEM PERNA NEM AR
Francisco Miguel de Moura*
Que canção merece o mundo escuro?
Ninguém quer ouvir nada de ão...ão..
Nem saber do peito íntimo de alguém
senão para um sexo extra (ordinário).
E assim não há canção nem poema,
é uma extra-vasação do mesmo tema,
que não sei do seio de quem vem.
Palavras!... Soltar bolinhas de sabão,
ao vento, um vento tão opresso,
e reunir verso e reverso, sem uni-verso.
Oh! íntimo desprazer solto, aranhento!
No chão fundido, confundido, há mais,
muito menos pra ser visto, ouvido...
Por que as bandas tocam e dançam
e todos “dançam” nada atrás de nada?
Nenhuma canção vale a pena e o pinho,
durante a noite inteira esbandalhada.
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*Francisco Miguel de Moura, poeta desencantado com as músicas de hoje, com os poemas e canções da “mundernidade”.
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