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Poesias-->A noite -- 22/03/2000 - 08:29 (Félix Maier) |
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A noite vem engolindo o mundo inteiro.
As aves já se abrigaram no quente ninho.
Uma ou outra coruja,
sem destino,
vagueia pelo céu denegrido,
em gritos lacerantes,
à busca de algum alimento.
Tudo se prepara para o repouso.
Só os sapos berrentos
e os grilos arrancando trinados de suas flautas
executam estranha sinfonia.
Tudo se vai tornando silêncio.
E em silêncio também fica
a alma da gente,
nostálgica e indefinida,
cópia exata desta noite
que lá fora já abocanhou tudo.
Em silêncio medita a alma,
febricitante pelas infindas incógnitas
que lá dentro se entrecruzam,
iluminadas de vez em quando
por alguma fagulha de luz,
como minúsculo pirilampo,
perdido na imensidão da noite.
Tudo repousa.
Os pássaros aconchegados em seus ninhos.
Os animais entocados.
Só a minha alma vela a macabra noite,
sombra de sua face sofredora.
Agudos, SP, 1969. |
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