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Poesias-->LEI CANINA -- 06/07/2017 - 20:16 (PAULO FONTENELLE DE ARAUJO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos



O cão de rua espalha-se,



delimita um território,



fixa marcos de urina junto aos postes.



O cão de rua disfarça,



elimina vestígios de tensão:



o ar comprimido dos pneus que acossa.



O cão de rua cheira os escolhidos,



esconde-se na periferia,



late,



extingue os galos das manhãs.



O cão de rua já desperta o teu espanto:







“Aquela cadela atropelada,



ontem morta no meio fio,



hoje está viva, igualzinha”.







O cão de rua sabe que há uma época para o cio



e outra para o vírus.



Acerta o mês. Agosto,



tempo de cachorro louco,



e aguarda a primavera que um dia será dos vira-latas,



como hoje é das violetas.



Ninguém percebe.



Há uma luta entre o cão de rua



e o pedigree humano.



E se o cão da casa só obedece a língua do dono,



o cão de rua compreende todas as línguas,



todos os ócios de um meio-dia de sol.



Ele pula em teu colo



e perpetua as suas pulgas.








do livro "BORBOLETAS NOTURNAS NÃO EXISTEM"



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