Vou dar uma pala: troquei meu lar e família, por quizília, mas quando mando alguma coisa ou pessoa para a Tonga da Mironga do Kabuletê, dificilmente, pego de volta. E assim, comparei Estrela que o vento soprou com Os Lusíadas de Camões, pois, o grande poeta, salvou o clássico, e deixou morrer afogada a esposa. Este fragmento de Estela foi retirado da obra, e muito me dói, pois, a verdade que morre, escorre na alma e machuca o coração. Senão, vejamos:
As lágrimas que derramei
Transbordaram o Mekong,
Se fui King Kong, não sei
Casei com uma monga,
Ora abandonada na
‘ Tonga da mironga
do kabuletê’.Por que, por quê?...
Lá onde a indiana se afogou
Camões defensou seu tesouro
Ouro que também eu defensei
Escrevi com Homero minha ilíada
Em águas turvas, quase me afoguei
Insano!Poesia é teu maior patrimônio?
E como o náufrago lusitano
Poupei a Estrela, poupei os Lusíadas
Mas lar e família não poupei
Pala, engano, mentira
Não por prazer, por quezília
Minha casa abandonei.
Não te envergonhas, Jeremias, de apresentares um poema feito às canhas. Sabes o que significa ‘a tonga da mironga do cabuletê?’ — ‘Não sei. Nem quero saber’— ‘Pois é pelo pubiano da vovó. Portanto, meu velho, não fales língua estrangeira, sem saberes o que diz.’
O pai torceu o nariz.
— Dom Quixote haverá muito que aprender com Sancho Pança. Essas crianças!
— Não há aprendizado escorreito! — Interfere Massari:
Em resto de coragem, carimbo a passagem para o continuar. Dobro as minhas lembranças e passo o meu passado. Não faço mais contas. Apenas, junto os meus poucos de valores, No quase vazio desta minha pequena bagagem... Não me furtei, não fui furtivo; apenas, furtado ao sentimento. Alegrias que ao nunca de minhas, nas arrelias que me foram causadas. Em sôfrego e sofrido, ao tudo que eu fazendo ver não fiz sentido. Deixo este lugar! Por bem acreditar em um outro que irá, enfim, me acolher...
Adalberto Lima, trecho expurgado durante o enxugamento de Estrela que o vento soprou.
Imagens: Internet
A Tonga da Mironga do Kabuletê: Música do Trio Mocotó. Acesso em 26.08.2018: https://youtu.be/IxqGFv6p3nQ
Adalberto Lima
Enviado por Adalberto Lima em 26/08/2017
Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida descontente,
Repousa lá no Céu eternamente
E viva eu cá na terra sempre triste.
(Camões)
Vou dar uma pala: troquei meu lar e família, por quizília, mas quando mando alguma coisa ou pessoa para a Tonga da Mironga do Kabuletê, dificilmente, pego de volta. E assim, comparei Estrela que o vento soprou com Os Lusíadas de Camões, pois, o grande poeta, salvou o clássico, e deixou morrer afogada a esposa. Este fragmento de Estela foi retirado da obra, e muito me dói, pois, a verdade que morre, escorre na alma e machuca o coração. Senão, vejamos:
As lágrimas que derramei
Transbordaram o Mekong,
Se fui King Kong, não sei
Casei com uma monga,
Ora abandonada na
‘ Tonga da mironga
do kabuletê’.Por que, por quê?...
Lá onde a indiana se afogou
Camões defensou seu tesouro
Ouro que também eu defensei
Escrevi com Homero minha ilíada
Em águas turvas, quase me afoguei
A poesia é meu maior patrimônio
E como o náufrago lusitano
Poupei a Estrela, poupei os Lusíadas
Mas lar e família não poupei
Pala, engano, mentira
Não por prazer, por quezília
Minha casa abandonei.
Não te envergonhas, Jeremias, de apresentares um poema feito às canhas. Sabes o que significa ‘a tonga da mironga do cabuletê?’ — ‘Não sei. Nem quero saber’— ‘Pois é pelo pubiano da vovó. Portanto, meu velho, não fales língua estrangeira, sem saberes o que diz.’
O pai torceu o nariz.
— Dom Quixote haverá muito que aprender com Sancho Pança. Essas crianças!
— Não há aprendizado escorreito! — Interfere Massari:
Em resto de coragem, carimbo a passagem para o continuar. Dobro as minhas lembranças e passo o meu passado. Não faço mais contas. Apenas, junto os meus poucos de valores, No quase vazio desta minha pequena bagagem... Não me furtei, não fui furtivo; apenas, furtado ao sentimento. Alegrias que ao nunca de minhas, nas arrelias que me foram causadas. Em sôfrego e sofrido, ao tudo que eu fazendo ver não fiz sentido. Deixo este lugar! Por bem acreditar em um outro que irá, enfim, me acolher...