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| Poesias-->que queres mais de mim? -- 24/05/2001 - 19:01 (maria da graça ferraz) |
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Já não levaste o bastante?
Meu amor. Minha esperança.
E agora, como um assaltante
compulsivo, retornaste para
inflingir-me mais castigo?
Pois- com fúria - digo-te:
Já não levaste o suficiente?
E volto a repetir, em grito:
Que queres tu de mim?
Talvez, meus pesadelos?
Minhas sombras e espelhos?
Afinal, o que podes ainda
tu exigires destes meus restos?
Restos de gemidos cujo único
credo é implorar pela justiça cega.
Raspaste-me até o fundo
Não sobrou nada que presta
nada de valor, de mais profundo,
exceto um furunco que não vai
a furo -Não tem cura! - Essa dor
do peso do mundo. Esta amargura!
Se desejas ainda mais...
como um carrasco contumaz
Dou-te este meu esqueleto
cabideiro da carne sem paz
Porque se levaste a minha vida,
não acho outra alternativa,
senão esta: para os que como eu,
sem justiça, vítima da sina,
sofreram a lâmina da guilhotina,
pois leves minha cabeça sem véu -
minha caveira- como um troféu...
Mas saibas, desde agora,
do sorriso indelével que irá
contigo guando leva-lá embora.
Sorrirei. Rirei. Sorrirei. Sim!
Afinal, o que sobrou de mim,
foi o cinismo...Triste cinismo!
O sorriso dos meus ossos até o fim...
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