Há qualquer coisa nesta foto de Paris
-há flores naquela varanda-
quando tu desvendar o enigma,
talvez saibas a data do teu retorno à cidade.
Pode estar na bandeira da França
no prédio em frente.
Nas janelas abertas,
o enigma é nítido,
mas tu não o percebes.
As árvores visíveis,
a placa luminosa do hotel Excelsior;
algo indica, talvez uma esfinge.
Pessoas caminham agasalhadas
sem olhar para cima.
O enigma virá das antenas,
sairá da escada de ferro,
no fim do paredão lateral?
Alguém dali te acenará?
Não reparas ainda.
A placa daquele carro registra uma data,
uma frase?
Examine melhor,
percebas,
o inusitado da foto surge da evidência
do sentido obrigatório da rua;
tu estás a uma pequena distância
do Jardim de Luxemburgo
onde há estátuas
de mulheres tristes
e, portanto, acolhedoras.
As estátuas revelam o segredo:
são elas que esperam
o retorno do brasão,
da baixada santista,
do centro velho de São Paulo;
que estão dentro de ti.