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| Poesias-->Antônio Conselheiro, Beato do Sertão -- 15/12/2017 - 00:26 (Jayro Luna) |
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Antônio Conselheiro, Beato do Sertão
“É preciso aprender a amar Deus sem jamais esperar que ele nos ame” – Baruch de Spinoza
“Todos os deuses envelhecem, inclusive Javé” – Harold Bloom
“Das ondas do mar D. Sebastião sahirá com todo o seu exército e o restituio em guerra”. – Antônio Conselheiro
“É desgracioso, desengonçado, torto. Hércules-Quasímodo” – Euclides da Cunha
Brasilina me traiu e a República do Brasil me matou...
Quixeramobim, que será de mim?
Sobral, que te fiz de mal?
Ipu, o amor findou-se num sururu...
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Cheio de dívidas, sem amor, sem vinténs...
Advogado prático da legislação...
Comerciante sem prática e sem sacola,
Professor primário sem escola,
O que resta ao homem de bem?
Virar beato e vagar pelo sertão!
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No centro da Província,
Infesta um aventureiro santarrão
Antonio dos Mares,
A vista dos aparentes e milagres mentirosos,
Cabelos mui espessos e sebosos,
O ar misterioso...
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Perto da Santa Cruz
Em memória da mulher
Que mandara matar o marido...
Uma casa imunda, sem um móvel, nem colher,
Sem arcabuz, sem nada de havido...
Um barracão para abrigar romeiros,
Um tanque para beber água,
Depois a Igreja surgiu por obreiros,
A ouvir preces, rezas, mágoas!...
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Igreja do Bom Jesus de Crisópolis...
Três janelas para dentro
E outra para o infinito...
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Apontamentos dos Preceitos
Da Divina Lei
Do Nosso Senhor
Jesus Cristo
Para a Salvação
Dos Homens...
O Casamento Civil e a República
São coisas do Demo!
Dom Sebastião voltará
Para reerguer o Reino!
Tempestades que se alevantam
No Coração de Maria
Por Ocasião da Anunciação...
Ficarão as águas em sangue,
E o planeta há de aparecer no nascente,
Com o Raio de Sol,
Que o ramo se confrontará
Na terra e a terra em algum lugar
Se confrontará no Céu...
O fim da guerra se acabará
Na Santa Casa de Roma
E o sangue
Há de ir até a junta grossa...
O Sertão vai virar mar,
O Mar vai virar Sertão...
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Belo Monte
Canudos...
O Mundo defronte
O fim em tudo!
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Uiva o vento ao passar em Uauá...
Fugiu o Pires!
104!
Depois Febrônio de Brito
550!
Fugindo como os cabritos
Depois o Corta-cabeças, Capitão César surgia
1300!
Herói da Federalista,
Correndo sem deixar pista...
-Vou dar brio àquela gente!
E uma bala derrubou o valente!
E tremendo da epilepsia
Desmoralizada a República!
Pires, Febrônio e Moreira...
A Fé de Antônio dos Mares é certeira!
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Lá vem o General Arthur Oscar
Pra acabar
Com os revoltosos do Sertão
Que não aceitam as maravilhas
Que o regime republicano
Pode gerar!
Lá vem o General Arthur Oscar
Todas as grandes ideias
Têm seus mártires!
Para legar
À geração futura
Uma República honrada,
Firme e Respeitada!
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O Beato do Sertão e sua cabeça de piolhos
E ideias amalucadas
Deu esperança aos desesperançados
E na mira dum olho
A bala endereçada
Pendeu a balança e findou o Belo Monte sonhado!
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