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Poesias-->MARCAS COLORIDAS -- 01/01/2018 - 04:06 (PAULO FONTENELLE DE ARAUJO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


 


Como explicar para um cego de nascença,
o que são as cores?
Como explicar para um cego 
o que é nascença?
“Ali nada surge
vai se repetindo”.
As cores são diferentes,
as cores podem ter, podem ser:
“Um tijolo ao  relento,
antes da construção,
tem a coloração laranja;
a fruta, no entanto, 
mesmo sem a solidez da futura casa,
é vital para esta cor”.
O cego ri e sabe
nenhuma cor se intui pelo tato,
o tato do colorido azul.
“Ele está por todos os lados,
mas não se toca a abóbada celeste”.


 
Como explicar as cores ao cego de nascença?
Não se explica, 
embora o cego conheça o paladar,
se oriente pelo olfato,  
- ambos intensos em uma salada de brócolis -
e tenha concluído:
“Imagino os brócolis na beira das calçadas,
eles florescem e ali estão todas as cores,
o cheiro do amarelo, 
o gosto do verde, do vermelho. 
sendo o resto, um  sonho ”.


 
Mas para cego de nascença,
é preciso explicar o mundo.
Ele seria mais ruído:
do sapato  salto agulha da mulher,
forte em cada batida;
do canto do passarinho,
saído do bico cantador;
chamar a  atenção do menino:
“Olhe, como as nuvens são branquinhas!”;
dos gemidos noturnos na cama, 
que vieram da caverna pré-histórica.
O cego de nascença alucinará:
“Os homens já viveram uma escuridão de gruta,
sentiram um medo imenso
e ali inventaram o prazer do amor.
O prazer é uma cegueira de nascença”.


 
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