RENÚNCIA
-Por que tanto amor?
Perguntei nesta manhã à natureza
Que amanheceu coberta de tristeza
Vertendo lágrimas de uma dor quase incontida...
-De onde vem tanta dor?
Ela me respondeu num sussurro entristecido:
- Vem de longe, de um mundo atrás já vivido
E que ousaste buscar nesta vida...
-Mas, que estranho amor é este sem fim?
Perguntei à tarde silente e serena
Que morria no fim do céu, lânguida e amena,
Matizando de vermelho o horizonte.
-Desde quando habita em mim?
-Desde o primeiro entardecer no mundo
Quando juntos, em êxtase profundo,
Dois corações se separaram num instante...
-E por que a tudo resiste?
Indaguei da noite resplendente
Que derramava seu luar resplandecente
Sobre minh& 39;alma presa em desventura.
-De onde vem esta saudade triste?
Disse-me a noite de prata engalanada:
-Almas gêmeas que se perdem na estrada
Ficam escravas deste amor triste e profundo.
Pra se encontrarem um dia novamente,
Hão que nascer e renascer diuturnamente
Com muita renúncia no mundo!
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