SHANGRI-LA
Eu sinto bem que já vivi muitas jornadas;
Fui senhor e fui escravo em vidas passadas...
Nossa existência é vivida em mil avatares!
Trazemos do berço aquela inata certeza
Que o amor é destino de nossa natureza
Cuja busca remonta a tempos milenares!
São destas repetidas migrações terrenas
Que guardamos às vezes com certezas plenas,
Um sentimento ou um desejo sem razão;
Um grande amor inexplicável que sentimos,
O querer estar num lugar que nunca vimos,
E até as mágoas que apertam o coração.
Por isto eu sei que toda esta amargura triste
Que sinto n& 39;alma e que a razão até resiste
Vem de longe, muito além do país da morte!
Por isso, num sopro de luz no firmamento
O vulto dela me ilumina, faz-me atento
E passo, então, a idealizá-la em minha sorte!
Mas, ( -sei que ela dirá- ) este vate delira:
- É pelo impossível que sonha e que suspira
O insensato e desvairado trovador!
Não. Nenhum bardo versifica e sonha em vão!
É que fiel escravo o poeta é desta emoção
Que vem de longe, da terra da magia, do amor...
Eu penso, às vezes, que fui lá pelos inversos;
Quem sabe não virão de Shangrilá os versos
Que jorram d& 39;alma de quem, um dia, antevi?
Se o “Déjà vue” que sinto é de fato verdade,
Se o que trago arraigado no peito é saudade,
Não se iluda mais, creia, lá te conheci!
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