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Poesias-->A FORMIGA ALHEIA -- 01/02/2019 - 09:24 (PAULO FONTENELLE DE ARAUJO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Um dia a formiga não precisou pensar
tudo estava em seu lugar.
O mundo se encaixara,
as paredes eram extensas
e o formigueiro a obra perfeita
se ajustara a todas
cada casta possuía sua tarefa.

Hoje uma formiga não precisa  pensar,
mas de vez em quando...
ela pode parar
e passar às outras 
o feromônio  de algo como:
“Estamos aqui!”
Mensagem rápida
na trilha de comida.

Hoje uma formiga já formiga, 
não precisa pensar,
apenas casualmente,
(pois formigas são obreiras,
a rainha é obreira,
títulos não existem),
qualquer operária transmite
uma satisfação como dizer:
“Agora pra frente!”
Alguma outra formiga receberá a ideia
sentirá por instantes,
a felicidade alheia
e talvez abaixe as antenas 
para não interromper a tarefa
(Nada se interromperá,
foi acertado no período Cretáceo,
em um consenso de carapaças).

Uma formiga não precisa pensar,
por motivos longe da sua evolução,
talvez  levante a cabeça,
em milésimos de ócio
e surgirá algo como:
“Sou igual a formiga à frente
a formiga  no meu calcanhar é igual a mim.
Vivemos em um período dócil”.
 
Uma formiga não precisa pensar,
apenas ocasionalmente
quando se reproduzem,
a rainha à vista,
do chão todas percebem:
“Os machos voam!
Como é lindo! Como é  lindo!
Mas tudo bem... tudo bem...”
A formiga jamais entende o porquê dos machos.
“Por que somente eles parecem morrer?”
 
DO LIVRO:"AS ONDAS AMAM"













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