Como explicar minha mansidão?
Como superar esta ansiedade?
Talvez declarando:
eu me perdoo
e minha culpa é imensa!
Minha culpa é tão grande quanto a fatalidade,
azul profundo de um óvulo do caos
na fecundação de seu instante de ruína
ou mais ainda,
falha de mecanismo
de um trem-bala em uso.
Sobrará apenas a bala?
Como explicar meu enguiço?
Como superar esta aflição?
Talvez afirmando:
eu me perdoo
e minha culpa é imensa!
Minha culpa é tão grande quanto o inevitável,
morte de um corpo anoréxico,
cadáver que não retribui beijo de adeus
ou mais ainda,
falha de mecanismo
o trem-bala estava em uso.
Sobrou apenas a bala?
Como perdoar este dolo,
esta inquietação sem sentido?
Talvez jurando:
eu perdoo o que sou
e na minha total absolvição,
rio azul entrará pela terra,
triunfará a fertilização em vitro
enfim formando o óvulo,
e eu retornarei
para me restaurar enfim.
Nesse momento sou quase o gameta
notável gameta, novo trem bala
Estou pronto para ser o projétil,
a bala perfeita
que busca o meio de uma cabeça.
Do livro: As sondas amam