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Poesias-->MIL PERDÕES -- 15/10/2019 - 19:30 (PAULO FONTENELLE DE ARAUJO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

 



Como explicar minha mansidão?

Como superar esta ansiedade?

Talvez declarando:

eu me perdoo


e minha culpa é imensa!

Minha culpa é tão grande quanto a fatalidade,

azul profundo de um óvulo do caos

na fecundação de seu  instante de ruína

ou mais ainda,

falha de mecanismo

de um  trem-bala em uso.

Sobrará apenas a bala?



Como explicar meu enguiço?

Como superar esta aflição?

Talvez afirmando:

eu me perdoo

e minha culpa é imensa!

Minha  culpa é tão grande quanto o inevitável,

morte de um corpo anoréxico,

cadáver que não retribui beijo de adeus

ou mais ainda,

falha de mecanismo

o trem-bala estava em uso.

Sobrou apenas a bala?



Como perdoar este dolo,

esta inquietação sem sentido?

Talvez jurando:

eu perdoo o que sou

e na minha total absolvição,

rio azul entrará pela terra, 

triunfará a fertilização em vitro

enfim formando o óvulo,

e eu retornarei

para me restaurar enfim.

 

Nesse momento sou quase o gameta

notável gameta, novo trem bala 

Estou pronto para ser o projétil,

a bala perfeita

que busca o meio de uma cabeça.





Do livro: As sondas amam




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