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Poesias-->NÃO HÁ SOBRAS -- 09/11/2019 - 05:20 (PAULO FONTENELLE DE ARAUJO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

E foi isto mesmo,

aos trancos e barrancos:

a tartaruga no fundo do mar

com o canudo no nariz

filmada em documentário

preto e branco.

Foi assim mesmo:

aos trancos e barrancos

sobramos nós

já como sombras;

como nudez de meretrizes

sem pernas e braços

deitadas nas calçadas,

a espera de clientes

roxos de desejos.

Foi desse jeito,

aos trancos e barrancos

chegamos aqui.

A tartaruga com o canudo no nariz,

queria ter sido uma porta- bandeira da Portela,

mas um ser improvável igual está em nós

nesse carnaval de cotonetes azuis 

os algodões das pontas

enterram nossas orelhas.

Tudo agora é precário

e silencioso.  



DO LIVRO: AS ONDAS AMAM


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