Maltratam a face ao vento
Crivada de plenas receitas
Ser ter e crer cada momento
Correndo nas ruas estreitas.
Na esquina beco viela
Olha uma luz virar borrão
Nada assenta dentro dela
Tem pressa rumo à solidão.
Segue papagaio dormente
Em um foguete sem destino
Frases prontas à toda gente
Sempre agitado menino.
As cenas vão se repetindo
Com seus fogos de artifício
Você continua caindo
Cego ao chão do precipício .
Os ponteiros dos relógios
Cupidos das tuas certezas
Língua farta de prodígios
Comprimidos para tristezas.
Palmo a palmo vão medindo
As costuras da fantasia
Enfiam a faca sorrindo
Nas costelas da apatia.
Desesperada lógica pueril
A promoção acaba hoje
Rápido senão você já viu
Fez mal o prêmio foge.
Nesse mercado avesso
Sem saber quando a hora vem
Brilham carros de sucesso
Seduzem vapores do além.
Seja terra ou firmamento
Há a resposta comprovada
Razão cheia de argumento
Para te manter na estrada.
Como escapar desse visgo
O silêncio pega pela mão
Sem contorções ou som amigo
Vai no batuque do coração.
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