O mendigo
Passa gente a toda hora
Ninguém repara em ninguém
Sua fome já o devora
Ninguém lhe dá um vintém !
Resolve ir de porta em porta
Para não perecer de fome
Mas ao povo, pouco importa
Se a subnutrição o consome
O tempo chuvoso ou ao sol
Enfrenta de rosto aberto
E à tarde, ao arrebol
Busca um lugar coberto
Pra descansar da jornada
Muitas das vezes sem nada,
Para mitigar sua fome
Tem horas... que nada come
Se alguém pergunta seu nome
Diz já não se recordar
Os anos foram passando
Só mendigo.. ouve chamar
Agora nesta pandemia
Agravou-se muito mais
As portas onde batia
Não se abrem, nunca mais
A caminhada é dobrada
Na busca do alimento
Sua força foi minada
Pela falta de sustento
E já de idade avançada
Não tem outra solução
Senão continuar na estrada
Estendendo a sua mão
As entranhas consumidas
Pela grande privação
Vísceras, já corroídas
Nesse pobre ancião
Clama ele por alimento
Seja um pedaço de pão
Que lhe deia um alento
Sejas tu, um bom cristão !
Não teças comparações
Dá ao pobre a oblação
Porque de boas intensões
O inferno... tem montão !
14-01-2021
Armando A. C. Garcia
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