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| Poesias-->iemanjá -- 05/06/2001 - 02:08 (maria da graça ferraz) |
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Quero costurar
o mar com agulhas
de delfins.
Mergulhar
e afundar
veloz em saltos,
da nascente a foz.
Quero cortar
moldes de águas
com tesoura
salgada
e prateada
da barbatana dorsal
de baleia,
a desfazer correias
de ondas
plenas de areia.
Cerzir litoral
em serrilha,
como presilhas
cheias de ilhas,
no cós do oceano.
Bordar o perfil
da entretela
no traje de gala
do azul anil.
Desejo
o espalhafato.
A beleza indelicada
dos arrebiques.
Do esguicho
e salpicos
de peixe voador
em linha multicor.
Ornatos de frufru
em babados
de sianinhas
pelos alegres
golfinhos.
E botões
de gaivotas
aos borbotões,
fechando água
em ilhós.
A geometria feroz.
A arte atroz.
Indefinível.
Mas reconhecível.
E acabado o carretel,
costurar mar com céu,
e banhar as mãos
costureiras em
posição de prece,
tão perto e tão distantes,
na linha do horizonte-
velado barbante.
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