MINHA CIDADE
Renato Ferraz
A fábrica de linha e tecidos de Delmiro Gouveia
Em 1914 fez o sangue do progresso da região correr nas veias
Obras foram realizadas e uma vila operária foi construída
Visionário, Delmiro já valorizava a qualidade de vida.
Quando a fábrica fechou suas portas
Muitas esperanças e expectativas foram mortas
Aquela estrutura que fora pioneira na região
E agora tombava no vazio, fazia sangrar o coração.
Por trás de tudo, muitas vidas e uma história
Do pioneirismo com batalhas e vitórias
Construída à luz da revelia e da bravura
Aquele povo hoje chora a sua amargura.
O empreendimento se destacava e começou a incomodar
Abatido, o concorrente colocou preço para comprar
Após a morte de Delmiro conseguiu realizar a sua proeza
A perda irreparável veio trazer um mundo de incerteza.
Para os mais velhos foi mais difícil estancar a dor
Já que ali viram a vida melhorar com muito amor
O pedaço de chão seco e improdutivo do sertão
De repente o progresso trouxe a sua redenção
A vida daqueles que ali se criaram e viveram
E que daquele emprego sempre dependeram
Sofreu um abalo e nunca mais voltou ao normal
Ainda se chora a tristeza e a saudade no local.
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