Excursões e mais excursões
Aroldo Arão.de Medeiros
Ele não ri, não fuma, não bebe, não joga
Seu passatempo é a igreja, não faz yoga
Ele passeia de fevereiro a fevereiro
Conheceu Itá, Brasília, Curitiba, Rio de Janeiro
Tem uma sobrinha que é como uma filha
Ele é seu porto seguro, ela é sua ilha
Tocou quase cinquenta anos na Carlos Gomes
Não passou e não deixa ninguém passar fome
Foi na Argentina, Uruguai, Paraguai, Bolívia
França. Espanha, Suíça, Portugal e Itália
Muito respeitado o cabelo branco
Tem crédito com as pessoas e bancos
Roma, Vaticano, Paris, conhece de excursão
Madri, Berikon, Lucerna, Porto, Lisboa, Goiás e Milão
Zurich, Fátima, Nazaré, Veneza
Óbidos, São Paulo, Canela e Fortaleza
Barcelona, Ouro Preto, Manaus, Mossoró
Bento Gonçalves, Gramado, Piratuba e Maceió
Carlos Barbosa e outras cidades
Mas não tem como Laguna com velha idade.
Em Barcelona, viu Neymar jogar
Em Aparecida, sempre vai rezar
Ia todo dia trabalhar no porto
Hoje, a igreja é seu heliporto
Gosta de no Natal deixar a rua limpa
A frente da casa, iluminada, é linda
Teus filhos enxergam o teu sucesso
Assim como queres deles, o progresso
Laguna querida, terra de Anita
Da Lurdinha, Lucimar, Aparecida
Os filhos e amigos sempre vai amar
Aroldo, Adriano, Adilton e Zulamar
Do Bananal, próximo à ponte Anita, é proveniente
No Magalhães, bairro que ama, é gente como a gente
Hoje temos convidados de Laguna, São José
De Foz do Iguaçu, Curitiba, muito homem e mulher
Veio gente de Tubarão e de Imbituba
De Taboão da Serra, ninguém veio de Cuba
Vieram de Arroio do Silva, Joinville
Pescaria Brava e de outros lugares, teve desfile
Temos entre nós, engenheiro, estudante, professor
Marinheiro, funcionário público e estofador
Mulheres do lar, padre e vigilante
Gerente de loja e outros profissionais importantes
Dificilmente, por mais que se peça, sorri
Porém, jamais, um irmão, deixa de acudir
Outrora, era encontrado, no porto, igreja ou banda
Hoje, nos filhos, viajando, na igreja é onde anda
Depois da aposentadoria passeou com afinco
Para o Paraguai, carrega no carro, cinco
A bicicleta com sessenta e oito anos, marca Vega
É cuidada pelo neto, linda, não se nega
As lembranças que todos os presentes irão receber
Há três anos, filhas, sobrinha, nora, dá-lhe conceber
Já viu jogador medíocre e artilheiro
Teve o prazer de ver Pelé atuar como goleiro
Seu time de coração, não se engana, é o Vasco
Para ele, não diz, mas pensa, o rival é um fiasco
Tinha um irmão gêmeo, que até o pároco se enganou
O pior aconteceu com ele, no espelho se atucanou
Também, tocavam em banda, iguais eram os bigodes
Tinham o mesmo timbre de voz, um ao outro, acode
Ajudou a construir a primeira ponte
Sobre a nova, antes do final, olhou o horizonte
Da Pedra, tem saudade, amor e carinho
Os filhos, dele têm orgulho e suguem seu caminho
Todos já esperam pela próxima festa
De cinco em cinco anos mais alegria se atesta
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