A melhor idade
Félix Maier
Onde a vida já passou, o corpo cambaleante.
Lista maior que ficha corrida de meliante:
Bursites, reumatismo, próstata a crescer.
A melhor idade, é o que se pretende vender.
O mijo vira sprinkler, molhando o chão,
Até o joelho do velho, sem compaixão.
Com fortificante azul e bengala,
O velhinho se arrasta, lento impala.
O shopping dos velhinhos é o hospital,
Com médicos, enfermeiros, remédios em geral.
Onde a fila de espera é sempre conspiração,
Mas pelo menos tem Wi-Fi e até televisão.
Mas não pense que é tudo tristeza e dor,
Pois na melhor idade há diversão e amor.
Os velhinhos gostam de namorar, cantar e dançar,
A dentadura diz que nunca é tarde para se amar.
E para enfrentar a “indesejada das gentes”,
Os velhinhos começam a rezar, penitentes.
E se preparam para a partida incerta,
A Senhora da Gadanha é certa como a hora certa.
Então, sim, a melhor idade é a velhice,
Com seus perrengues, mas também sua brejeirice.
E se você quiser chegar lá com qualidade,
Cuide do corpo e da mente desde a mocidade.
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