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Poesias-->deveras -- 10/06/2001 - 21:44 (maria da graça ferraz) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Há uma distância

entre eu e meus pés...

Meus pés rompem

fronteiras,

desbravam sertões,

remam em galés,

atravessam rincões,

atingem ninhos de

águias, visitam

castelos,

perdem-se em vielas.

Eles se vão, eu fico!

Há uma distância

entre eu e meus olhos.

Meus olhos alvorecem,

cruzam o rubicão,

avançam sinais,

penetram escuridões,

Eles se vão, eu fico!

Há uma distância

entre eu e minhas mãos.

Minhas mãos rezam

salmos,

partejam com calma,

escrevem,acariciam,

manifestam o pesar,

lançam beijo no ar!

Elas se vão,eu fico!

Sou um ser estranho.

Mantenho um pacto

amigável com a tacanha

realidade...

Não reconheço

estas muitas partes.

Meu corpo é este arauto

incompreendido-

filho dos perdidos

argonautas.

A única causalidade

de minha existência

é a evidência

de minha inexistência.

É este eterno arguir

que me obriga

a prosseguir o

meu ir e vir.





























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