CONVERSA ABERTA COM A MORTE
Renato Ferraz
A morte,
é importante manter com ela uma relação de confiança.
Jogo aberto!
Olho no olho,
nada de baixar a cabeça,
nem também de desprezá-la.
Enfim, manter uma relação formal.
Nada de amizade,
mantendo-se a devida distância.
Porém, é preciso respeitar seu jeito de ser.
É possível, se for preciso,
manter um diálogo com a morte,
de igual para igual.
Sua excelência deve ser tratada com dignidade.
Ela é muito sensível.
Então, nada de deboche com a mesma
Nem também deve-se humilhá-la,
Pois não ajudará em nada.
Cedo ou tarde, é inadiável, nossos interesses
irão se confrontar por serem conflitantes.
Ou seja, é uma disputa que cedo ou tarde teremos
que encarar. Não há como fugir!
Haverá ar suficiente apenas para um da gente respirar
Também está preparado é importante,
Inclusive se for preciso lhe dizer algumas verdades
Se ela vier se meter onde não deve ou em algum momento
Trair a confiança, temos que lhe dizer umas verdades:
---olhe, eu te conheço, sei bem quem és.
Tua fama é conhecida, eu te respeito, só peço que mantenhas
distância, jamais eu a convidaria para algo, porém,
se quando vieres me levar,
for inadiável; e eu não sei qual hora será, nem quero saber.
Portanto, não poderei ir ao encontro do que foi programado.
Reconheço tua missão, sei que tens que cumpri-la de qualquer jeito,
seja como um carrasco, seja como um juiz quando decreta uma sentença.
Embora dessa eu posso recorrer, da tua não!
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