POEMA VOA
RF
Quem disse ao poema
onde me encontrar, não sei
Aliás, não tenho certeza
se lhe disseram algo ou se ele passava
e resolveu pousar.
Eu havia almoçado, ainda estava sentado.
Abri para ler uma das cartas
De Kahlil Gibran para Mary.
De repente, a surpresa, meu coração viu
que algo ali na mesa,
havia sentado, ao meu lado.
O dia estava chuvoso, com cara de preguiça,
ideal para receber uma visita como essa.
Era um poeminha de amor, parecia com os do livro
que eu tinha em mãos.
É difícil descrever a emoção, melhor é sentir.
De tão agradável que era
e simples também, logo que pousou,
foi direto para o papel.
Com pouco tempo se acomodou.
Logo comigo, que não acreditava
que poema voava para onde queria,
o lugar escolhia, e ali ficava.
Lembrei de Fernando Pessoa,
se lhe contassem algo assim,
acho que diria: poema não voa,
poema não tem asas, nem fica à toa.
Poema se faz, se constrói,
quem já viu poema ter vida própria...
não pegue o lápis e papel e sente pra pensar,
fique esperando-o vir arrumado e pousar,
que seu poema de uma ilusão não irá passar.
|