OBJETOS
(“Las Cosas”)
O que não gosto dos objetos
é das suas imposições.
Tem a aura da obrigação
e o dominio dos espaços.
Ocupam qualquer beco
e apagam seus motivos
como se estar aí
tivesse algo a ver comigo.
Sei que são quase perdidos
abandonam-se
excluídos.
Parecem dizer que aguardam
o momento em que serão vistos
emudecem
não fazem ruidos.
Apostam-se esquecidos.
É claro que são autônomos
porque viram-se sozinhos
o Tempo não lhes preocupa
desordem não lhes diz nada
bagunça não tem sentido.
E desespero se ouço
a mudez deles comigo.
Durmo com inimigos…
Canso por entender
que mandar neles
é um castigo:
ordená-los é necessário
necessidade
é imperativo.
Então largo pra lá
e riem de mim, impositivos!
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