SOBREVIVER
Enquanto a madrugada
entra por todos os buracos
meu pensamento retira
um por um
os itens obrigatórios
da convivência.
Toda a música possível
aos poucos
veste o traje de festa
porque terá lugar
onde quer que eu
sobreviva.
E como se fosse descascar
a pele de uma manga doce
(que não deveria comer de noite)
descasco todas as queixas
-ou quase todas- que boiam
como lixo no mar.
Um café (mesmo que tire o sono)
uma bala de menta (dessas de comer)
um chinelo risonho
e pensar em você:
tudo junto- ri do capitalismo
e deixa-me sobreviver.
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