EU QUERO
Eu quero, no meio da selva,
cair na relva e poder sorrir.
Das brincadeiras de criança
Irei me lembrar.
Não quero ouvir o barulho
da motoserra, nem do machado,
as nossas árvores cortar.
Eu quero, em meio à agitação,
embalançar numa rede e descansar.
Lá no sertão, depois do almoço,
a gente tem o hábito de cochilar.
Não quero ligar a TV para ouvir
e ver que a guerra continua,
e agora tem um novo fiador.
Eu quero, num dia de semana,
deitar-me nas águas do mar e boiar.
Não há melhor lugar
para o céu contemplar.
Não quero ver esgoto nem lixo
que continuamos, nele a jogar.
É triste ver o mar chorar.
Eu quero, como já fiz muito,
Sentir o cheiro das folhas de laranjeira.
A sombra que faz, o aroma que traz
e depois a fruta poder chupar.
Eu não quero que a tecnologia
aumente a produção de alimentos
à custa de riscos de contaminação.
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