NAMORO NA INFÂNCIA
RF
Eu me lembro de como era bom
aquilo que eu sentia quando ela passava em frente à minha casa.
Dava um friozinho na barriga, as pernas tremiam
e o coração era um alazão que no trote
pedia mais espaço para galopar.
Ela passava todo dia na rua que eu morava.
Aquele momento me encantava.
Nessa época fazia sucesso a Banda,
o amor era um convite para vê-la passar.
Eu ainda não conhecia o labirinto do amor,
nem entendia de sofrimento.
Mas eu sabia distinguir uma sensação como aquela
de algo comum.
Ela desfilava para mim e me olhava também,
mas sabia disfarçar. E isso às vezes me confundia.
Quando ela dobrava a esquina, o cabelo de lado jogava
e a cabeça virava, e sorria e eu via. Esse era o sinal!
Era tudo muito rápido, mas pelo menos a dúvida sumia.
Meus olhos ficavam tristes quando a perdiam de vista.
Eu tinha menos de 10 anos e ela também
À noite eu sonhava, tudo era tão real que me assustava.
Era assim que a gente gostava um do outro,
O que era bom, logo passava, já a espera para vê-la novamente era uma malvada.
Para onde eu fosse a sensação era de que iria encontrá-la.
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